As mais belas coisas do mundo é uma leitura para pequenos e graúdos.
“O meu avô sempre dizia que o melhor da vida haveria de ser ainda um mistério e que o importante era seguir procurando. Estar vivo é procurar; explicava.
Quase usava lupas e binóculos, mapas e ferramentas de escavação, igual a um detective cheio de trabalho e talentos. Tinha o ar de um caçador de tesouros e, de todo o modo, os seus olhos reluziam de uma riqueza profunda. Percebíamos isso no seu abraço. Eu dizia: dentro do abraço do avô. Porque ele se tornava uma casa inteira e acolhia. Abraçar assim, talvez porque sou magro e ainda pequeno, é para mim um mistério tremendo.”
in As mais belas coisas do mundo (2019), Porto Editora
“Nesse tempo, meu avô perguntou quais seriam as mais belas coisas do mundo. Eu não soube o que dizer. Pensei que poderiam ser os filhotes de cão, alguns gatos, o fim do sol, o verão inteiro, o comportamento dos cristais, a muita chuva, a cara das mulheres, o circo, os lobos, as casas com chaminé, o cimo da montanha, a nuvem que vimos igualzinha a um avião, o quadro pintado pendurado na sala perfeitinho, mesmo que as árvores inclinassem um bocado tortas.
Pensei que as mais belas coisas do mundo haveriam de ser amarelas e as vermelhas.
Ele sorriu e quis saber se não haviam de ser a amizade, o amor; a honestidade e a generosidade, o ser-se fiel, educado, o ter-se respeito por cada pessoa. Ponderou se o mais belo do mundo não seria fazer-se o que se sabe e pode para que a vida de todos seja melhor.
Pasmei diante do seu conceito de beleza.
Ele incluia os modos de ser; esses ingredientes complexos que compõem a receita do carácter ou da personalidade, a maneira um pouco inexplicável como somos e sentimos.”
in As mais belas coisas do mundo
Thiago Lacerda lê o livro As Mais Belas Coisas do Mundo de Valter Hugo Mãe, no Fliaraxá 2019
Valter Hugo Mãe, nome artístico de Valter Hugo Lemos, é um escritor e editor português, nascido em Angola, em 1971. Tem uma licenciatura em Direito e uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Em 1999 fundou a Quasi edições e, em 2006, a editora Objecto Cardíaco.
“É um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia.
Publicou sete romances: Homens imprudentemente poéticos; A desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino. Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros, As mais belas coisas do mundo e Serei sempre o teu abrigo.
A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine. Coordena ainda a coleção de poesia elogio da sombra, publicada pela Porto Editora.”
in Porto Editora
Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 2021 pela obra Contra mim.
"Num ano de introspeção, o escritor Valter Hugo Mãe mergulhou a fundo nas memórias do passado para escrever o seu livro mais pessoal e intimista - Contra Mim - onde revisita a infância e adolescência para verificar a que distância está do que se prometeu e sonhou”. Leia o artigo completo e ouça o podcast no Jornal Expresso.
Apresentação do livro Contra Mim, de Valter Hugo Mãe - FNAC MarShopping para uma conversa, com Nuno Vieira de Almeida.
O Prémio Literário José Saramago, criado um ano após a atribuição a Saramago do Nobel da Literatura, consagra o talento de autores com menos de quarenta anos. São eles os Herdeiros de Saramago, protagonistas desta série documental com autoria de Carlos Vaz Marques e realização de Graça Castanheira. Onze vozes muito diferentes entre si, de proveniências distintas, com um elo em comum: a recriação literária da língua portuguesa.
Valter Hugo Mãe é um dos Herdeiros de Saramago.
Leia a conversa com o escritor Valter Hugo Mãe, ‘homem imprudentemente poético’ no Jornal Económico.
A Biblioteca divulga alguns poemas de AMOR que podem ser lidos ou declamados pelos alunos, professores, funcionários ou encarregados de educação. As gravações podem ser enviadas para o e-mail da biblioteca: biblioteca@conservatoriodemusicadoporto.pt - até ao dia 12 de fevereiro.
O dia de S. Valentim foi hoje celebrado na Biblioteca com o amor na poesia de autores portugueses. Foram selecionados 30 poemas de diferentes poetas, que foram distribuídos na comunidade escolar pelas alunas Sol Pontes Guedes e Carlota Pimentel, do 8ºA. Aqui ficam alguns exemplos dos poemas selecionados. Canção Tinha um cravo no meu balcão: veio um rapaz e pediu-mo – mãe, dou-lho ou não? Sentada, bordava um lenço de mão: veio um rapaz e pediu-mo – mãe, dou-lho ou não? Dei um cravo e dei um lenço, só não dei o coração: mas se o rapaz mo pedir – mãe, dou-lho ou não? Eugénio de Andrade primeiros poemas Provérbios Não há amor Como o primeiro Nem tão doce sol Como o de uma laranja. Francisco Mangas e João Pedro Mésseder In Breviário do Sol ...
A Biblioteca divulga algumas rimas e poemas de AMOR em inglês que podem ser lidos ou declamados pelos alunos, professores, funcionários ou encarregados de educação. As gravações podem ser enviadas para o e-mail da biblioteca: biblioteca@conservatoriodemusicadoporto.pt - até ao dia 12 de fevereiro.
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