27 de Janeiro - Dia Internacional em Memórias das Vítimas do Holocausto

 


O Governo português assinala hoje o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

"Há precisamente 78 anos, no dia 27 de janeiro de 1945, os Aliados libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Bikernau, símbolo máximo da barbárie e da desumanidade Nazi.

Hoje, quando se comemora o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o Governo de Portugal junta-se a todos aqueles que escolhem não esquecer.

Recordar este período negro da História da Humanidade é um dever de todos. Assegurar que não se repete é uma obrigação comum. Tanto maior quanto à nossa volta vemos surgirem manifestações de racismo, de xenofobia e de antissemitismo que questionam os valores da tolerância, da não discriminação, do respeito mútuo e da diversidade que devem caracterizar as nossas identidades nacional, europeia e universal.


Evocamos, sem exceção, todas as vítimas do Holocausto, os judeus, os ciganos, os homossexuais, os opositores políticos, os doentes incuráveis e as pessoas com deficiência. Mas também celebramos a coragem daqueles que escolheram fazer o que estava certo, independentemente das consequências. Aristides de Sousa Mendes, Alberto Teixeira Branquinho ou Carlos Sampaio Garrido, insignes diplomatas portugueses e exemplos de altruísmo que não podem ser esquecidos, nem tampouco o Padre Joaquim Carreira, cujo labor em prol das vítimas da perseguição Nazi levou ao seu recente reconhecimento como 'Justo entre as Nações'.

Enquanto membro observador na Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, Portugal reitera o seu compromisso de manter viva a memória do Holocausto e de continuar a educar as gerações futuras sobre este tenebroso período da nossa História. O seu ensino é fundamental para não se esquecer nem se menosprezarem os perigos que advêm do ódio, da discriminação, do racismo, da xenofobia, do antissemitismo e da intolerância. Estes fenómenos inaceitáveis têm de ser combatidos, sem tréguas, para que se garanta o respeito pelos direitos humanos, a tolerância e a defesa intransigente da dignidade de todos os seres humanos."

https://www.dge.mec.pt/noticias/educacao-para-cidadania/dia-internacional-em-memoria-das-vitimas-do-holocausto-0


 Vídeo - Auschwitz - Campo de concentração Nazista na Polónia | Nerdtour


Vídeo - Os horrores de Auschwitz



 


Sugestões de Leitura sobre o Holocausto


 

Autor do Mês - Eugénio de Andrade

 



Biografia de Eugénio de Andrade

A 19 de janeiro de 1923, nasce, na Póvoa de Atalaia (Fundão), o poeta português Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas.

Devido à separação dos pais, muda-se para Lisboa, onde frequenta o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro.

Em 1936 escreve os seus primeiros poemas e em 1940 publica, ainda com o seu nome verdadeiro, a sua primeira obra: Narciso.

Em 1943 muda-se para Coimbra. Nesta cidade, convive com Miguel Torga e Eduardo Lourenço, que o incentivam a continuar a escrever.

Carreira

Em 1947 inicia uma carreira de 35 anos como funcionário público, desempenhando funções de Inspetor Administrativo do Ministério da Saúde. Em 1959, no âmbito da sua carreira, muda-se para a cidade do Porto, onde viveria as restantes décadas da sua vida.

Em paralelo com a sua vida profissional, que certamente lhe ocuparia muitas horas, consegue escrever inúmeras obras poéticas e alguma prosa, convivendo em simultâneo com personalidades do mundo da cultura, embora retraindo-se sempre a aparecer em grandes eventos sociais.

Prémios

Como reconhecimento pela sua notável obra poética, traduzida para diversas línguas, foram-lhe atribuídos inúmeros prémios literários, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo ainda sido agraciado, pelo governo português, com o grau de “Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada” e a “Grã-Cruz da Ordem de Mérito”.

Algumas considerações literárias:


A sua obra, simultaneamente clássica e barroca, tradicional e revolucionária, deixa transparecer a influência de poetas espanhóis das décadas de 40 e 50, especialmente de Federico Garcia Lorca, cujos textos foram por ele traduzidos para português.

Para Eugénio de Andrade, o amor deve substituir permanentemente a crueldade que o ser humano demonstra pelo seu semelhante, tanto através de palavras como de ações, transformando a convivência em algo tão belo como a harmonia e a beleza da Natureza:

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Nos seus poemas, é notório o significado simbólico e a ressonância mítica de certas plantas e a associação destes vegetais às diversas etapas da vida humana. A infância, por exemplo, surge representada pela amora, uma planta comum nos campos de Póvoa de Atalaia, onde o escritor nasceu e passou os primeiros anos da sua vida:

Já não se vê o trigo,
a vagarosa ondulação dos montes.
Não se pode dizer que fossem contigo,
tu só levaste esse modo

infantil de saltar o muro,
de levar à boca
um punhado de cerejas pretas,
de esconder o sorriso no bolso,
certa maneira de assobiar às rolas
ou então pedir um copo de água,
e dormir em novelo,
como só os gatos dormem.

Tudo isso eras tu, sujo de amoras.

A qualidade dos textos poéticos de Eugénio de Andrade inspirou Fernando Lopes Graça a compor, em 1959, um ciclo de melodias intitulado As mãos e os frutos, baseado no livro homónimo do poeta.

Obras

Poesia

• Narciso, 1940.
• Adolescente, 1942
• Pureza, 1945
• As mãos e os frutos, 1948
• Os amantes sem dinheiro, 1950
• As palavras interditas, 1951
• Até amanhã, 1956
• Coração do dia, 1958
• Mar de setembro, 1963
• Ostinato rigore,1964
• Obscuro domínio, 1971
• Véspera da água,1973
• Escrita da terra e outros epitáfios, 1974
• Limiar dos pássaros, 1976
• Memória doutro rio, 1978
• Matéria solar, 1980
• O peso da sombra, 1982
• Branco no branco, 1984
• Aquela nuvem e outras, 1986
• Contra a obscuridade, 1987
• Vertentes do olhar, 1987
• O outro nome da terra, 1988
• Rente ao dizer, 1992
• Ofício de paciência, 1994
• O sal da língua, 1995
• Lugares do lume, 1998
• Os sulcos da sede, 2001
• Poesia e prosa (1940-1979), 1980
• Poesia e prosa (1940-1980), 1981
• Poesia e prosa (1940-1986), 1987

Prosa

• Os afluentes do silêncio, 1950
• História de égua branca, 1976
• Rosto precário Porto, 1979
• À sombra da memória, 1993

Traduções

• Poemas de García Lorca, 1946
• Cartas portuguesas (atribuídas a Mariana Alcoforado), 1969
• Poemas e fragmentos de Safo, 1974
• Dez poemas de García Lorca, 1978
• Dez poemas de Yannis Ritsos, 1978
• Federico García Lorca, Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim, 1986
• Trocar da rosa, 1980
• Pequeno retábulo de S. Cristóvão, de F García Lorca, 1980