Cartas selecionadas no Concurso de Cartas de Amor (em exposição na Biblioteca): West Side de Manhattan, Nova Iorque - 1961 Meu querido Tony, Será que me deixas chamar-te de meu? Aqueles que, ao contrário de mim, conheciam a vida e o seu propósito, disseram em tempos que devemos deixar livre quem amamos, para este poder voar, e se este, mais tarde, voltar para nós, podemos assim dizer que é e sempre será absolutamente nosso… Mas tu não voltaste. No meio da praça, fiquei só, na escuridão, sem futuro. Perdi-me e encontrei-me num vórtice de onde não sei se quero sair. Procuro o teu cheiro, mas na memória só me resta o cheiro da pólvora que te fulminou. Será que me podes dizer se algum dia voltarei a ver o reflexo das estrelas nos teus tão castanhos olhos? Porque, Tony, sem ti, a luz perdeu o fulgor que tinha outrora. Não tenhas medo. Há, algures, um lugar para nós, algures, um lugar à nossa espera, onde teremos tempo para saber, dizer, ver e viver. Por isso, ab...